quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sartre, náusea e maconha

   Está sendo um dia difícil. Dores, depressão e a tal de náusea! Náusea é aquela sensação que te assalta de repente, depois de beber muito álcool, que embrulha o teu estômago e antecede o vômito! 
   
   A pior parte é quando a sensação de mal estar vai te invadindo e o racional constata que é uma viagem sem volta. Não adianta mais parar de beber. A náusea vai te ferrar até o vômito, se acontecer! Essa é a náusea consequente da bebida. Botar o bofes para fora sempre é uma solução. Ameniza o bédi!

   A náusea que sinto agora não tem a saída "dos bofes para fora". É consequente dos medicamentos que estou tomando para combater a Hepatite C. Principalmente do Boceprevir, antiviral recente, último grito da moda no combate ao flavivírus! Coisa fina!
Sinto uma sensação física muito ruim, acompanhada de uma saudades de um lugar que não conheço, quase uma depressão. Harrrg!

   Muitas pessoas que fizeram tratamento com Interferon e Ribavirina, e até pacientes de químioterapia, me aconselharam a usar maconha para amenizar os efeitos da química e principalmente para enfrentar a náusea.

   Tenho problemas com maconha. Nunca foi a minha praia. Experimentei, quando jovem, e nunca senti uma sensação legal. Na verdade me deixava sem memória, extremamente tanso, com sentimento de culpa e paranóico. Aí é complicado. Já estou debilitado, com anemia e energia baixa, se fumar unzinho é "caixão pro Billy".

   A maconha tem sido a droga preferencial de pacientes com câncer principalmente para conter a náusea. O "bagulho" trabalha nos receptores do cérebro e até retarda as contrações do estômago. O cara com náusea e vômito não deve ficar afim de uma medicação oral. Melhor, então, a maconha que ainda vem com um "barato" de brinde!

   O desconforto causado pela náusea não é somento físico, é metal também. Nada mais explicativo desta terrível sensação humana que "A Náusea", de Jean Paul Sartre. Roquentim, o personagem de Sartre, de repente é invadido por uma terrível sensação de repulsa ao ser humano e sua condição existencial. Invadido e dominado por um profundo nilismo, Roquentim embarca em viagens de alta profundidade intelectual e surge, então, um protagonista despadronizado e repelido pelas próprias contestações que faz a respeito da existência e sua falta de sentido, ou seja, a respeito da gratuidade e ilogicidade da existência, por si só desprovida de essência. Que loucura!!!!
   
    Trata-se, portanto, da saga de um personagem conturbado e por vezes beirando a loucura, tal é a nudez existencial a que ele se expõe. A náusea, enfim, é o ícone que melhor representa a loucura existencialista de Sartre.  

   Só fumando maconha para escrever esse monte de coisas sobre uma repentina vontade de vomitar!!!!!

domingo, 11 de novembro de 2012

Caros leitores,

Obrigado Millor...
   O blog perdeu um pouco da sua dinâmica habitual devido ao momento extemporâneo que vivo. Com a carga de remédios que tomo diariamente no combate à Hepatite C, fico lento fisíca e mentalmente, com pouca energia, dores pelo corpo e outros perrengues mais. De qualquer forma estou fazendo o possível para mantê-lo atualizado e para isso conto com o auxílio de colaboradores que enviam matérias, artigos e pautas.

   Manter uma atividade mental nesta fase do tratamento é algo penoso. A memória mesmo...essa me abandonou. Estava pensando em escrever sobre...sobre o que mesmo? É bem assim! Quando penso em pegar o lápis para anotar o que havia pensado esqueço o primeiro pensamento e fico com o lápis na mão sem pensamento para registrar! Um sarro!  Mas interessante como experiência...instantânea. Como experiência mesmo não serve para nada, afinal, não vou lembrar depois...

   Tenho ficado direto em casa. Tenho habeas para vagabundear! Como não sou funcionário público e nem mesmo tenho emprego, não necessito nem de falsos atestados médicos para viver o ócio!

   Como disse o amigo Dario esta manhã: - Canga, agora é: em primeiro lugar Eu, em segundo Eu e em tereceiro Eu!
   Então tá! Procuro viver um dia de cada vez sem projeções preocupativas. O futuro? O futuro é depois! Já cheguei nele tantas vezes nesta vida. Já realizei tantas projeções futurísticas que tenho o direito de passar em branco essa parte do presente!

Bad Trip
Lerica: expoente undergroud italiano
   Pensar, analisar e tentar entender os efeitos dos remédios no meu cérebro também dá trabalho. Tudo cansa...agora!
   Na verdade é tudo droga! Os efeitos produzidos pelos remédios na minha cabeça se assemelham muito aos efeitos das drogas (in)comuns, pelo que tenho percebido... na literatura médica. Só que é uma viagem ruim, uma viagem depressiva, com confusão mental, um pouco de pânico e outros bad's mais. Tenho me esforçado para reverter esse quadro. Já que é viagem, que seja à favor, que me de prazer. "Difícil para aquárius!"

   Pensei formas e técnicas de viajar "legal" com as pancadas que recebo na cabeça cada vez que tomo uma carga de química em cápsulas...não consigo. Acho que o agente de ligação que transformaria uma bad trip em uma viagem legal é outra droga: o álcool! Daí é caixão pro Billy! Não posso nem passar perto...por enquanto!

   Ontem recebi um notícia boa. A minha carga viral baixou de 1,3 milhões para 400 mil. Ou seja, o flavivírus está se replicando menos, está sentido "a força do carvão de pedra", como diria o guarda Rubim. Essa queda se deu apenas com o uso do Interferon e da Ribavirina. Sexta-feira passada comecei com o antiviral Boceprevir, a droga do momento. Essa ataca o bicho direto. Vai lá no DNA do cara. Espero que na próxima medição já esteja zerada a replicação. Quem viver verá!

  Então, amigos, esta é a questão! Tenho tido dificuldade de produzir intelectualmente, de pensar, criar...além de sentir os efeitos físicos do lance. Isso tudo me leva ao profundo e dolorido pensamento do mestre Millor Fernandes com uma faca enfiada na cabeça: - só dói quando penso!

domingo, 4 de novembro de 2012

Boceprevir e cerveja sem álcool: novas emoções!


Pior que os efeitos colaterais dos remédios para curar a Hepatite C é uma cerveja sem álcool quente!!!!!!! 

   Comecei hoje uma nova etapa do combate ao vírus da Hepatite C. Entro na quinta semana do tratamento (agora só faltam 20 semanas...hummm), e começo a tomar o Boceprevir, um antiviral que ataca diretamente o Flavivíru.

   A briga é boa! Todos aqueles efeitos colaterais desagradáveis que eu sentia com os remédios anteriores, Interferon e Ribavirina, agora sinto em dobro, com um diferencial: a náusea! Maior barato!

   Esses medicamentos todos tem a depressão e o desânimo com efeitos colaterais. A anemia profunda que começa agora, me acompanhará por todo o tratamento. É uma anemia medicamentosa. As hemácias que transportam o axigênio pelo sangue também transportam o Boceprevir. Os dois brigam e acabam matando as hemácias. Simples assim!

   Por incrível que pareça quanto mais profunda a anemia maior o indicativo de cura da doença. É o tal ter que morrer para nascer de novo! Então tá!!!!!

   É importante ter conciência de que me sinto assim por que os remédios agem no meu sistema nervoso central. Então eu sei que tudo isso é dos remédios e não da minha cabeça, afinal sou uma pessoa alegre e extremamente otimista!

   Mas que tá tudo uma merda, ah! Isso está!!!! O mundo deve acabar por esses dias!!!!

Cervejas
   Tenho estudado com afinco o efeito, ou o não efeito, das cervejas sem álcool na cabeça de um bom ex-bebedor.   Experimento nacionais e importadas. Tenho ganhado muitos presentes de amigos. Outro dia, o amigo Marcelo ligou e disse que para eu passar no shopping Beira Mar para pegar uma caixa de Schneider Weisse que havia deixado comprada lá.

   A Schneider Weisse Tap 3 é uma delícia de cerveja de trigo, sem álcool, não é filtrada nem pasteurizada. Tem um gosto forte de caramelo. É boa depois de um exercício, bem gelada. Efervescente quando toca a língua e harmoniosa no final. Mas é para tomar duas garrafas no máximo.


   A Erdinger Weissbier Alkoholfrei é uma das melhores. Tem um creme denso e consistente. Malteada e com um amargor que equilibra bem o conjunto. Suave, mas sem lúpulo e principalmente sem trigo. Mesmo assim, de todas, acho que é a melhor...no momento!

   Das nacionais já passei por todas. A Opa, de Joinville, é boa...para tomar duas. As mais comuns de se encontrar no mercado são a Liber (Brahma), a Schin e a Bavária sem álcool. Por incrível que pareça, a Schin, sem álcool, é das melhores. Com álcool é intragável! É uma cerveja um pouco doce com um finalzinho amargo, aquele que se sente no fim da garganta. Tem um creme branco denso. De lúpulo?...nem lembrança.

   A Bavária é braba! Sem creme, quase sem sabor algum, aroma de ferrugem e como diria um amigo meu, mais conhecedor que eu: - tem uma levíssima sugestão de cereais não malteados, com retrogosto de xarope de criança...Affe!!!!


   Ontem, porém, tive uma grata surpresa. Descobri a Itaipava sem álcool. Gostei bastante. Mas como o meu paladar vai mudando, ou desaparecendo, com o efeito dos remédios, vou experimentando, gostando e desgostando das cervejas o tempo todo. Da maioria acabo enjoando.

   É o caso da Liber, da Brahma, a sem álcool mais comum nos supermercados. É leve com um sabor de fruta passada. Não tem lúpulo e o malte, quando se percebe, entra com sabor pouco agradável. Enjoativa!

Bem, a oferta de cerveja sem álcool nos bares é um problema. Quando tem, está quente! Ninguém leva a sério um ex-bom bebedor de cerveja.

   Pior que os efeitos colaterais dos remédios para curar a Hepatite C é uma cerveja SEM ÁCOOL E QUENTE!!!!!!!

   Aí é fim de carreira!!!!!